Aqueles eram anos da chamada Guerra Fria que teve início ao final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), "com a disputa entre soviéticos e ocidentais sobre o destino dos países da Europa liberados do jugo dos nazista pelos soviéticos", como lembra Pedro Paulo A. Funari, Professor Titular do Departamento de História e Coordenador do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp. Os países da Europa Oriental - como Polônia, Tchecoslováquia e Hungria e a parte oriental da Alemanha - que respondiam à governos comunistas, disputavam poder mundial com embates estratégicos e conflitos velados com os Estados Unidos - apoiados pelos países da Europa Ocidental - com governo capitalista e democrático. Os dois blocos iniciaram uma corrida armamentista, com os dois lados construindo bombas nucleares.
"Como resultado da corrida pelas armas nucleares, com suas ogivas, americanos e soviéticos começaram a investir, de forma pesada, no desenvolvimento de mísseis que pudessem levar armas nucleares até o território do adversário. Isto permitiu o desenvolvimento de foguetes capazes de chegar ao espaço", lembra o professor.
A União Soviética foi a primeira nação a colocar um satélite em órbita em 1957 com o lançamento do Sputnik e a lançar um ser vivo ao espaço, a cadela Laika, no mesmo ano. Em 1961 o cosmonauta Yuri Gagarin tornou-se o primeiro homem a viajar no espaço.
"A União Soviética definiu a conquista do espaço como a medida de poder e de atração de uma sociedade moderna, e o Presidente Kennedy decidiu que deixar uma conquista espacial espetacular apenas para a União Soviética não era do interesse dos Estados Unidos", afirma John Logsdon, atual curador e perito do Museu Nacional do Ar e Espaço dos Estados Unidos em entrevista à agência AFP.
Assim iniciava a chamada corrida espacial, um símbolo da batalha da Guerra Fria pelo domínio entre ideologias conflitantes e polarizada potências mundiais.
Em 1961, O presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy, traça uma meta para os Estados Unidos na Corrida Espacial. "Acredito que esta nação deve comprometer-se a alcançar a meta, antes que esta década acabe, do desembarque do homem na Lua e seu regresso em segurança à Terra", disse o Presidente.
Foi então que os EUA desenvolvem o programa Apollo, uma arma bem sucedida na prova de domínio na corrida espacial que culminou com os passos do americano Neil Armstrong na Lua durante a missão Apollo 11 em 1969.
Os oito dias de duração da missão foram acompanhados atentamente pela televisão e rádio por milhões de pessoas ao redor do mundo e, no lançamento, por milhares de espectadores nas proximidades do Centro Espacial.
No dia 20 de julho de 1969, o Módulo Lunar se desprendeu do Colúmbia e pousou próximo ao Mar da Tranquilidade, na superfície do satélite da Terra. Logo após, o astronauta Neil Armstrong consagrou-se como o primeiro homem a pisar na Lua, seguido pelo colega de missão Buzz Aldrin.
Como símbolo dessa vitória sobre a União Soviética, Neil Armstrong fixa uma bandeira dos Estados Unidos em solo lunar e coloca uma placa com os dizeres: "Aqui homens do planeta Terra colocaram pela primeira vez o pé na Lua. Julho de 1969. Nós viemos em paz, em nome da humanidade". Na placa, as assinaturas dos três astronautas e do então presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon.
Após duas horas de caminhada de Armstrong e Aldrin na Lua, os dois retornam ao Modulo de Comando com 46 kg de amostras de solo lunar.
Na chegada à Terra, Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins ficaram isolamento para evitar que possíveis contaminantes trazidos por eles entrasse em contato com a população. Após a quarentena, os três viajaram o mundo onde foram aclamados como heróis por milhões de pessoas.
Após a Apollo 11, o programa Apollo fez outros cinco bem sucedidos desembarques na Lua entre 1969 e 1972. Ao total, 12 homens pisaram na superfície lunar, todos americanos.
Os onze anos do programa Apollo, segundo informações da Reuters, custaram aos cofres americanos US$ 25,4 bilhões - quase US$ 150 bilhões com correção monetária -, ou mais de seis vezes o orçamento atual da Nasa.
"Depois da conquista da Lua pelos americanos, os Russos redirecionaram seus objetivos em duas novas frentes: missões tripuladas, com as Estações Espaciais, e a pesquisa de planetas com sondas automáticas (não tripuladas).", disse o professor Naelton de Araújo, astrônomo da Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro.
A primeira estação espacial, Mir, foi criada neste contexto. Porém, como afirma o professor Funari, "a tecnologia soviética não se aperfeiçoou tanto, mas puderam manter um programa confiável nas estações espaciais posteriores. Com o fim da União Soviética, a Rússia deu continuidade aos seus programas espaciais, mas em cooperação como os Estados Unidos e a Europa."
Em 1975, uma nave Apollo e uma nave Russa Soyuz se encontraram em órbita, como parte de uma "trégua" entre os dois países. Astronautas americanos e cosmonautas russos apertam as mãos no espaço. Este fato foi um marco para o início do entendimento entre as duas nações.
Mas, segundo o professor Funari, o fim da Corrida espacial só se deu anos mais tarde. "O fim da corrida espacial correspondeu ao fim da Guerra Fria (1989). A dissolução da União Soviética e a democratização da Europa Oriental, russos, americanos e europeus começaram a cooperar na exploração do espaço", afirma o professor.
"A corrida espacial produziu avanços tecnológicos incríveis. Em termos práticos, podemos dizer que ele foi responsável pelo desenvolvimento de satélites espaciais de telecomunicação, por exemplo, satélites de avaliação meteorológica, computadores, eletrônicos, plásticos, materiais sintéticos... Nos deixou uma herança tecnológica muito rica. (...) Em termos de astronomia, a chegada do homem à Lua foi importante porque permitiu acesso à amostras do solo lunar e análise destas amostras em laboratório. (...) Com o material trazido da Lua tivemos mais informações sobre o composição geoquímica do Sistema Solar.", afirma o professor Naelton.
Funari vai mais longe. "Em termos simbólicos, o pouso na Lua mostrou que os desafios humanos podem ultrapassar limites", diz.
Fonte: Portal Terra
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