sexta-feira, 14 de maio de 2010

Novo plano para Nasa redefine destino da exploração espacial

A aposentadoria dos ônibus espaciais acontece no momento conturbado para a Nasa, em que o presidente dos EUA, Barack Obama, apresenta um novo plano para a agência e estabelece novas balizas para o Programa Espacial Americano.

O plano surge sob a promessa de ajudar a recuperar a economia do país e de revolucionar a exploração do espaço com voos tripulados mais baratos, duradouros, velozes e seguros. Para isso, estabelece o cancelamento do Programa Constellation, que levaria os americanos de volta à Lua, o aumento de U$ 6 bilhões no orçamento da Nasa para os próximos cinco anos e a transferência da construção de espaçonaves para a iniciativa privada.

O objetivo do pacote é aquecer a indústria aeroespacial, criar empregos, reduzir os custos das viagens ao espaço e apressar o desenvolvimento de tecnologias de ponta. O plano tem por meta, ainda, abrir caminho para que a Nasa reassuma sua função primordial - esquecida há algumas décadas - de realizar pesquisas científicas e promover inovação, conforme ressaltou Obama no discurso de pronunciamento da proposta.

Apesar do tom otimista do anúncio, as novas diretrizes foram recebidas com pouco entusiasmo. O cancelamento do Constellation implica a perda de cinco anos de testes e de U$ 9 bilhões já investidos no programa. Já a terceirização das espaçonaves suscita dúvidas sobre o preparo da indústria privada para assumir essa responsabilidade.


Causas

A decisão de cancelar o Constellation foi motivada principalmente pela inviabilidade do projeto. À pedido da administração de Obama, uma comissão avaliou o programa e chegou a conclusões nada animadoras: o orçamento havia estourado, o cronograma estava atrasado e o projeto era pouco inovador.

Desse diagnóstico nasceu a necessidade de estabelecer uma nova estratégia para a Nasa, que garantisse o futuro da viagem espacial americana, mas fosse compatível com a atual condição financeira do país.

José Bezerra Pessoa Filho, tecnologista sênior do Instituto de Aeronáutica e Espaço, adverte que é preciso analisar o plano de Obama com um olhar mais critico. Para ele, o que o presidente americano apresenta como “nova visão para a exploração espacial no século 21” seria apenas uma saída menos vexatória para suas decisões, já que indústrias comerciais, sobretudo aquelas ligadas ao setor de defesa dos EUA, trabalham no Programa Espacial Americano desde o início.

“O que ele [Obama] pretende é fazer com que novos atores entrem nesse mercado, sob a alegação de que isso deve baratear os custos de desenvolvimento. Lá, como aqui, volta-se ao debate de que a iniciativa privada pode fazer melhor e mais barato do que o governo. Certamente, tais expectativas são fundadas na realidade americana, sendo difícil contestá-las”.

Duília de Mello, pesquisadora brasileira do Centro de Vôo Espacial Goddard da Nasa, também não vê o envolvimento da iniciativa privada como grande novidade ou como ameaça ao programa espacial. “A Nasa já terceiriza a maioria das missões e trabalha lado a lado com a indústria americana. Mas o que está faltando agora é uma lista de prioridades antes de abrir concorrência. A segurança com certeza estará entre elas”, afirma. 

Fonte: UOL


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