quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O segredo do Unicórnio...

Escondida em uma gigantesca nuvem escura a 2.700 anos-luz de distância, um berçário muito especial impressiona quem o vê. E estou falando de astrônomos experientes.

O tal berçário é conhecido (há muito tempo) como Monoceros R2 (ou MonR2, na constelação do Unicórnio), uma região de formação de estrelas massivas bem conhecida. Mas é aquela história clássica, de tão impressionante, ela toma todas as atenções. Quase ninguém se preocupou muito em olhar ao redor dela. É mais ou menos como estudar uma árvore sem se importar muito com a floresta ao seu redor. Dificuldades técnicas também contribuem para isso: mapear uma região muito grande do céu é complicado. É preciso muito tempo de telescópio, especialmente os maiores, e esse tempo é muito disputado.

Mas o projeto VISTA, um telescópio britânico instalado no Chile, está aí para isso mesmo. Equipado com uma câmera de 67 megapixels especialmente fabricada para observar no infravermelho, esse telescópio de 4 metros de diâmetro está dedicado justamente ao mapeamento de grandes regiões do céu. É o maior telescópio do mundo dedicado a essa tarefa. E uma paradinha em Monoceros R2 era obrigatória!

A espetacular imagem no infravermelho, acima, que acabou de ser divulgada, mostra MonR2 e toda sua vizinhança. Na luz visível (em pequenos telescópios), apenas uma pequena parte de MonR2 pode ser vista – ainda assim bem fraquinha. Trata-se da nebulosa de reflexão NGC 2170, descoberta por William Herschel em 1784. Na imagem, ela está mais à direita do centro, uma nebulosa pálida circundando uma estrela que lembra bastante a Nebulosa de Órion. Curiosamente, Herschel foi um dos primeiros astrônomos a estudar a radiação infravermelha que, agora mais de 200 anos depois, produz essa imagem.

O que impressiona nela são os “tentáculos” de gás e poeira que se parecem com jatos vindos da nebulosa no centro. Lá é que estão as estrelas massivas em formação. Muito provavelmente, elas têm algo em torno de um milhão de anos de vida, o que não é nada se comparado com a idade do Sol, por exemplo, que é de 5 bilhões de anos. Enquanto o Sol deve durar outros 5 bilhões, o ciclo de vida de uma estrela desse tipo dura por volta de 10 milhões de anos.

Todo esse trabalho de esculpir a nuvem escura que esconde esse berçário é efeito da intensa radiação emitida pelas estrelas massivas. Além de esculpir a nebulosa, as estrelas ionizam o gás à sua volta e produzem esse espetáculo no céu. Só que isso tem um lado ruim: atuando assim essas estrelas massivas assopram para longe todo o material que iria formar mais e mais estrelas. No final das contas, o berçário todo será destruído em alguns milhões de anos. 

Fonte: Globo.com / (Observatório)

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