quinta-feira, 28 de abril de 2011

Astrônoma brasileira divulga estudo sobre primeiras estrelas do Universo.

O aglomerado estelar NGC 6522 contém os oito astros analisados no artigo com participação de astrônomas brasileiras sobre um possível modelo para as primeiras estrelas do Universo.

Um estudo na revista "Nature" desta semana feito por astrônomas brasileiras revela um possível modelo para explicar como eram as primeiras estrelas a povoarem o Universo, pouco após o Big Bang. A dupla é parte de um grupo internacional de pesquisadores.

Com autoria principal de Cristina Chiappini, cientista radicada atualmente no Instituto Astrofísico de Potsdam, na Alemanha, o artigo mostra como estrelas com massas muito maiores que a do Sol deram origem a gases usados na formação de outras estrelas, menores e mais parecidas com o astro do Sistema Solar.

"Nosso modelo mostrou que estrelas de grande massa, de rotação rápida, também podem conter elementos 'pesados' como o estrôncio e o ítrio", explica Chiappini. Isso porque esses elementos foram encontrados em oito estrelas menores, dentro do aglomerado estelar NGC 6522. Esses astros teriam sido gerados a partir dos gases liberados nas explosões das companheiras maiores, ativas no primeiro 1,7 bilhão de anos do Universo.

O modelo sugere que as primeiras estrelas rodavam a 500 km por segundo, velocidade muito maior que os 2 km por segundo do Sol. O número também é bem maior que os 100 km por segundo das estrelas de mais massa atuais.

A pista para saber como eram as primeiras estrelas está, curiosamente, em versões bem menores, com tamanhos comparáveis ao do nosso Sol, mas que viveram bilhões de anos e carregaram, em sua composição, traços das gigantes.

A rapidez pode ter sido o motivo para uma produção de elementos químicos mais variados que somente os tradicionais hidrogênio e hélio.

"Uma estrela funciona como uma cebola, com várias cascas. Cada casca é responsável por gerar um elemento diferente. Quando ela roda rápido, as camadas se misturam e novos elementos surgem", explica Chiappini .

"Os únicos elementos formados no Big Bang foram hidrogênio e hélio. Todo os outros materiais vieram a partir de reações dentro das estrelas."

O trabalho contou com dados fornecidos pelo Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês) por meio do Very Large Telescope (Telescópio Muito Grande, em tradução livre). O aglomerado NGC 6522 - localizado no centro da Via Láctea, na direção da constelação de Sagitário - engloba astros de idade estimada em 12 bilhões de anos. O Big Bang, teoria mais aceita para o início do Universo, teria acontecido há 13,7 bilhões de anos.

As primeiras estrelas surgiram mais ou menos na mesma época em que o Universo passou da fase escura, na qual a luz era absorvida, para transparente, quando o espaço e seus astros passaram a ser visíveis.

"As estrelas que rodam rápido podem ter sido os agentes por trás da mudança do universo de escuro para transparente", afirma a cientista. "Já era plausível entre os astrônomos que estrelas do início do Universo girassem mais rápido que as de hoje. O nosso estudo dá uma explicação muito bonita sobre como este fato está ligado à composição química das estrelas velhas e pequenas de NGC 6522."

Fonte: Globo.com

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