quinta-feira, 16 de junho de 2011

O gaúcho que batiza três cometas.

Um pesquisador gaúcho vem ganhando destaque internacional ao descobrir novos cometas olhando para a tela do computador em vez de erguer a cabeça para o céu. Por meio de um sistema informatizado de detecção de objetos celestes desenvolvido pelo pelotense Paulo Holvorcem, 43 anos, já foram localizados três cometas até então desconhecidos e mais de 200 asteroides – dos quais quatro deles têm órbita mais próxima da Terra.

Filho de militar, o cientista nasceu em Pelotas, viveu a infância em Alegrete e passou a morar fora do Estado a fim de estudar. Formou-se físico em Brasília, fez mestrado em Meteorologia e doutorado em Matemática Aplicada em São Paulo e concluiu o pós-doutorado nos EUA. Para acompanhar a mulher por razões de trabalho, instalou seu quartel-general científico em Porto Seguro, na Bahia. Da cidade, no mês passado colocou pela terceira vez seu nome em um cometa em apenas nove anos.

– É uma honra muito grande para um cientista – comemora Holvorcem.

Para conquistar essa marca, nem precisou sair de casa. Por meio de um sistema desenvolvido em parceria com um observatório privado americano (veja quadro ao lado), ele envia as coordenadas que o telescópio deverá mirar durante a noite. Um programa que ele mesmo desenvolveu apaga a luminosidade dos objetos fixos das fotografias obtidas no observatório e deixa intactos os corpos móveis, como os cometas e asteroides.

– Não é mágica, é matemática. São regras e critérios que permitem diferenciar estrelas e galáxias e apagá-las. Assim, é possível detectar cometas e asteroides de brilho muito fraco – explica o pesquisador.

Muito fraco, como no caso do último cometa encontrado, significa 150 mil vezes mais suave do que as estrelas menos visíveis a olho nu em um céu escuro, sem poluição e com a atmosfera com boa transparência. Assim, o chamado C/2011 K1 (Schwartz-Holvorcem) entrou para os registros da astronomia internacional. Ele foi identificado a 360 milhões de quilômetros da Terra, equivalente a quase duas vezes e meia a distância da Terra ao Sol.

Pesquisador trabalha de forma independente

Antes desse, havia descoberto o primeiro cometa em 2002 e o segundo em 2005 em parceria com outro colega americano. O terceiro foi o que comprovou o sucesso da tecnologia desenvolvida pelo gaúcho que só se graduou físico porque entendia ser um pré-requisito para futuramente estudar biologia.

Interessado por diversas áreas da ciência acabou estudando o movimento dos oceanos no Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) e matemática antes de se dedicar profissionalmente a vasculhar o espaço.

– Trabalhei como professor da Unicamp, mas não tinha tempo para fazer o que gosto. Então comecei a trabalhar de forma independente – revela o gaúcho que colocou seu nome no espaço.
Fonte: ZH / UOL

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