quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Estudo usa verme para avaliar efeitos da exploração espacial em humanos.

Cientistas da Universidade de Nottingham, na Grã-Bretanha, estudaram o verme microscópico Caenorhabditis elegans para tentar entender o efeito de longas viagens espaciais no corpo de animais em geral, incluindo os humanos. Os resultados da pesquisa foram divulgadas na revista Interface, uma publicação da Royal Society inglesa, nesta quarta-feira (30).

A equipe de cientistas liderada por Nathaniel Szewczyk enviou um grupo de 4 mil vermes a bordo do ônibus espacial Discovery, durante uma missão realizada em 2006 rumo à Estação Espacial Internacional. A nave transportou os animais para dentro do posto orbital (ISS, na sigla em inglês), onde eles ficaram durante seis meses.

Durante metade da estadia, os pesquisadores conseguiram analisar 12 gerações de C. elegans. Estas foram as primeiras observações do comportamento deste animal em órbitas próximas a da Terra - a ISS gira o planeta a aproximadamente 360 quilômetros de altitude.

Quando colocados no espaço, os vermes botaram ovos ao chegarem à fase adulta e conseguiram gerar descendentes da mesma forma que fazem na Terra.

Semelhanças
Para Szewczyk, muitas das mudanças que ocorreram com o organismo dos vermes também foram observadas nos astronautas. Ele acredita que C. elegans consegue se reproduzir e manter por tempo suficiente para aguentar viagens de longas distâncias.

Pelas semelhanças entre o verme com os humanos, os pesquisadores acreditam que o modelo de pesquisa com o C. elegans pode servir para dizer, de maneira barata e eficiente, se os homens conseguiriam aguentar uma viagem longa para um destino distante como outro planeta.

Szewczyk destaca que as funções vitais do C. elegans podem ser monitoradas a distância e espera que um dia seja possível estudar como o animal se desenvolveria em solo diferente do terrestre.

Cobaia perfeita
Esta é a terceira vez que o cientista investiga o comportamento de vermes terrestres quando levados para fora do planeta. Comum em pesquisas científicas, o uso de C. elegans pode ser uma maneira de avaliar riscos em missões tripuladas futuras a locais como Marte, antes que testes com humanos sejam conduzidos.

Foi o primeiro animal a ter todos os seus 20 mil genes sequenciados. Este mapeamento, feito em 1998, permitiu que os cientistas detectassem muitas semelhanças entre os vermes e os humanos. Do total de genes de C. elegans, 2 mil deles são ligados a atividades musculares e até 60% deles possuem versões similares em humanos. O animal, que é transparente, se alimenta de bactérias presentes em vegetais em decomposição.

Entre os desafios que uma jornada até outro planeta envolve à saúde dos astronautas estão a exposição a radiação e a deteriaração dos músculos e do esqueleto.

Após o experimento há 5 anos, a equipe de Szewczyk voltou a levar vermes para a Estação Espacial para testar novamente uma cultura de vermes C. elegans quanto aos efeitos da radiação no espaço e os efeitos de longas estadias em órbitas próximas da Terra.

Essas duas pesquisas fazem o pesquisador acreditar que seja possível enviar vermes a outros planetas e ainda conduzir experimentos com eles.

Fonte: Portal Terra

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