quarta-feira, 4 de julho de 2012

Maior telescópio do mundo vai beneficiar Brasil.

A incorporação do Brasil ao ambicioso projeto de construção do maior telescópio do mundo, no Observatório La Silla, no Chile, oferece uma oportunidade inigualável para o avanço da astronomia nos dois países e em outros da região com tradição na pesquisa do espaço, como a Argentina. Esta é a percepção do astrofísico suíço Michel Mayor.

Em 1995, ao lado de Didier Queloz, Mayor descobriu o primeiro planeta fora do sistema solar (exoplaneta). Em entrevista concedida à Agência Efe, Mayor relembrou suas visitas a trabalho, durante os últimos 30 anos, para o norte do Chile, uma região que considera "excepcional" para a observação do espaço. É no observatório situado em pleno deserto, a 600 km de Santiago e a uma altura de 2,4 mil metros, onde será construído o telescópio mais potente do mundo, com uma lente de 40 m de diâmetro.

O Brasil, após ter se transformado no primeiro país não europeu membro do Observatório Europeu Austral (ISSO), participará do projeto, que precisará mais de dez anos de avaliações e estudos para confirmar sua viabilidade financeira e técnica.

Para Mayor, o Brasil irá se beneficiar do conhecimento adquirido pela instituição. "É normal que o Brasil destine recursos para a astronomia e a melhor solução foi se aderir ao ISSO, pois não fazia sentido para eles tentarem construir meios de observação para competir com os que já existem", explicou.

Sobre o Chile, o astrofísico destacou que o País desenvolveu "uma astronomia de ponta" e que uma razão para isto foi o acesso a instrumentos sofisticados espalhados em diferentes observatórios localizados no Deserto do Atacama. Os cientistas chilenos têm direito a 10% do tempo utilizado nos telescópios instalados em seu território, o que foi um grande estímulo para a astronomia no País e uma das razões para o aumento do número de profissionais da área.

Mayor também comentou os avanços na pesquisa espacial, como o fato da sonda americana Voyager 1, lançada em 1977, estar prestes a chegar no limite do sistema solar. Alguns astrônomos veem com preocupação os grandes recursos destinados para este fim, mas Mayor não compartilha esse temor, pois acredita que a observação realizada do próprio espaço "não vai substituir a astronomia feita na terra", mas sim complementá-la.

Em mais de 40 anos dedicados à física e à observação do universo, o cientista acompanhou a evolução da astronomia e aponta o avanço que mais o impressionou: a aceleração da expansão do universo. "Isto colocou em questão muito do que compreendemos do universo e de seus mecanismos físicos", disse Mayor, que liderou a equipe que desenvolveu o primeiro espectrógrafo, um instrumento que associado a um telescópio permite estudar a luz das estrelas e descobrir a presença de um ou mais planetas sob sua órbita.

Mayor e Queloz receberam recentemente em Madri o Prêmio Fundação BBVA "Fronteiras do Conhecimento" na categoria Ciências Básicas.

Fonte: Portal Terra

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