sábado, 25 de agosto de 2012

As gêmeas da Via Láctea.

A nossa galáxia, a Via Láctea, é de um tipo bem comum de ser encontrado no Universo. Ela é uma espiral com uma barra central. Existe uma certa controvérsia a respeito do número de braços que nossa galáxia possui. Um debate atual, o qual eu participo com alguns resultados, tenta definir se a Via Láctea tem dois ou quatro braços. Estou na turma que defende apenas dois braços para ela.

Mas quando consideramos o conjunto da Via Láctea e suas as galáxias satélites, as Nuvens de Magalhães, temos um sistema triplo, e isso sim é raro. Não havia até agora nenhum caso conhecido, o que não chega a surpreender. Apenas recentemente os astrônomos conseguiram condições para procurar sistemas de galáxias parecidos com o nosso sistema triplo.

Essas condições todas tiveram de vir de uma vez. É preciso ter telescópios bons o suficiente para detectar não apenas as galáxias dominantes, mas também suas companheiras, que são muito mais fracas. Além disso, era preciso olhar em grandes áreas do céu e, mais importante, ter certeza que candidatas suspeitas não passassem despercebidas. Identificar essas candidatas no meio de uma quantidade imensa de galáxias de todos os tipos é um desafio e tanto. Métodos automáticos de identificação são falhos, por melhores que sejam, e olhar uma a uma essas candidatas é praticamente impossível.

Simulações sofisticadas de formação de galáxias não produzem muitos exemplos similares ao sistema da Via Láctea, o que já indica que esta é uma ocorrência rara. Ainda assim os astrônomos não conseguiam quantificar o quão rara é essa configuração. Isso até agora.

Com a descoberta de não apenas um, mas dois sistemas gêmeos da Via Láctea, ficou estabelecido que somente 3% das galáxias parecidas com a nossa tem companheiras como as Nuvens de Magalhães. Várias galáxias possuem satélites menores, mas poucas têm duas galáxias tão grandes quanto as satélites da Via Láctea. De 14 sistemas galácticos parecidos, apenas dois são quase iguais.

De acordo com Aaron Robotham, da Universidade do Oeste da Austrália e líder da pesquisa que identificou as gêmeas da Via Láctea: “A galáxia em que vivemos é bem comum, mas a presença das Nuvens de Magalhães é um acontecimento raro e possivelmente de curta duração. Elas não durarão para sempre e devemos aproveitar o espetáculo enquanto podemos.”

Tanto a Pequena, quanto a Grande Nuvem de Magalhães são visíveis no hemisfério sul e estarão por aqui ainda por alguns bilhões de anos.

Fonte: Globo.com/Observatório - Cássio Barbosa

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