quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Nasa quer estudar vida em Saturno e amostra de cometa.

Duas ambiciosas missões robóticas concorrem a um lugar na agenda de novos desafios da Nasa. Um dos projetos pretende dedicar-se à coleta de amostras de cometas; o outro, ao desenvolvimento de um drone helicóptero que explorará a vida extraterrestre e locais para um pouso em Titã, a maior lua de Saturno. As equipes que idealizaram os programas, escolhidos entre 12 candidatos, receberão cerca de US$ 4 milhões ao longo do ano que vem para ajustar seus planos. Em julho de 2019, a agência espacial americana anunciará sua decisão final — e o cofre dos cientistas vencedores pode ser abastecido até chegar a US$ 850 milhões. O lançamento da missão está previsto para meados da década de 2020.

— Este é um gigantesco passo adiante no desenvolvimento de nossa próxima missão de descoberta científica — comemorou ontem Thomas Zurbuchen, administrador da Diretoria de Missões Científicas da Nasa, durante o anúncio das propostas. — São investigações tentadoras que buscam responder a alguns dos nossos maiores questionamentos sobre o Sistema Solar.

A missão batizada de Caesar, liderada por pesquisadores da Universidade Cornell, vai procurar uma amostra do núcleo rochoso do cometa Churyumov-Gerasimenko, trazendo-a para a Terra até 2038. O 67P, como também é conhecido o cometa, foi escolhido por já ter sido explorado em 2004 por uma sonda da missão Rosetta, conduzida pela Agência Espacial Europeia. Com o material coletado, espera-se conhecer mais sobre a origem dos oceanos e da vida na Terra.

— Os cometas são os blocos de construção mais primitivos dos planetas — explicou Steve Squyres, que comanda a missão. — Eles carregam gelos voláteis que não podem ser encontrados em qualquer lugar do Sistema Solar. Portanto, é possível obter materiais que datam da formação do nosso sistema, ou até mesmo de antes disso. A amostra chegaria à Terra no dia 20 de novembro de 2038. Marquem em seus calendários.


INGREDIENTES PARA A VIDA
Já o drone helicóptero Dragonfly, criado pela Universidade Johns Hopkins, explorará condições de vida e as propriedades químicas de dezenas de localidades na lua Titã, de Saturno, conhecida pela sua enorme reserva de hidrocarbonetos. A órbita do planeta foi estudada por 13 anos pela sonda Cassini, cuja missão foi encerrada em setembro, com um mergulho na atmosfera do gigante gasoso.

— A lua Titã é um mundo oceânico único, com lagos e mares de metano e rios que fluem pela superfície — descreveu a líder da missão Dragonfly, Elizabeth Turtle, acrescentando que o drone chegaria à lua em 2034 e que o trabalho duraria vários anos. — Sabemos que este é um ambiente com ingredientes para a vida.

O projeto selecionado será o quarto da New Frontiers, da Nasa, uma série de investigações científicas planetárias de baixo de custo de desenvolvimento — por “baixo custo”, leia-se até US$ 1 bilhão.

A primeira da série foi a New Horizons, lançada em 2006, que estudou Plutão e suas cinco luas. Agora, a sonda está a caminho do Circuito de Kuiper, uma região além da órbita de Netuno, onde chegará em 2019.

Em 2011, foi lançada a missão Juno, que estuda Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar. O trabalho será encerrado no ano que vem.

A “caçula” da série é a missão Osiris-Rex, iniciada no ano passado para investigar o asteroide Bennu, que regularmente se aproxima da Terra. Há, inclusive, uma chance extremamente remota de ele colidir com nosso planeta no próximo século, o que lhe rendeu o apelido de “asteroide da morte”. A expectativa é que amostras cheguem à Nasa em 2023.

Outras duas propostas foram selecionadas ontem para um desenvolvimento tecnológico adicional: o Enceladus Life Finder, que procuraria marcadores de atividade biológica nas plumas de gêiseres que saem das luas de Saturno, e análises químicas de Vênus — seria a primeira exploração aprofundada do planeta pela Nasa em quase 30 anos.

Fonte: O Globo

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