terça-feira, 5 de julho de 2011

Altos custos e resultados díspares no programa espacial dos EUA.

O ônibus espacial americano é a aeronave mais cara e complexa já construída. O programa ajudou a colocar em órbita a Estação Espacial Internacional, mas não cumpriu a missão original que era disponibilizar a viagem espacial a todos.

O programa de ônibus espaciais está sendo aposentado e faz sua última viagem em julho com o Atlantis até a Estação Espacial Internacional (ISS). O seu legado será contado nos livros de história provavelmente mostrando sucessos e fracassos, dizem os especialistas.

"Acredito que o desempenho do programa dos ônibus espaciais tem sido irregular", disse John Logsdon, assessor externo da Casa Branca e ex-chefe do Instituto de Política Espacial da Universidade George Washington.

"O mais importante do programa foi mostrar a capacidade dos astronautas de fazerem coisas úteis no espaço", afirmou. "O verdadeiro fracasso foi não chegar nem perto das promessas iniciais de ser acessível e cotidiano", acrescentou.

Este programa espacial, vigente durante três décadas e o projeto mais duradouro da NASA nos 50 anos da agência, custou ao todo 208 bilhões de dólares (valor reajustado em 2010), mais do que os 151 bilhões gastos no Apolo, que levou os americanos à Lua em 1969.

O historiador da NASA Bill Barry lembrou que o objetivo inicial da nave espacial, quando foi lançada formalmente pelo presidente Richard Nixon em 1972, era fazer dos voos espaciais uma possibilidade para pessoas comuns, não apenas para uma elite preparada.

"A meta original era fazer as viagens para o espaço mais baratas, mais fáceis e não apenas para pilotos altamente capacitados com experiência militar comprovada. O objetivo era levar pessoas comuns para o espaço", disse Barry.

No entanto, a Casa Branca manteve a pressão sobre a NASA para reduzir os custos da agência espacial que estava desenvolvendo o ônibus espacial, um processo que Barry afirma ter aumentado os preços num longo prazo.

"O programa nunca foi financiado da maneira como era esperado. Os orçamentos do projeto foram feitos quando ele ainda estava sendo construído. Mas nunca foi barato ou fácil de gerenciar", disse.

Mas o programa espacial ajudou a construir um revolucionário laboratório na órbita da terra para cientistas do mundo todo. Apesar de dois grandes acidentes, quando os ônibus espaciais Challenger e Columbia explodiram no ar em 1986 e 2003, respectivamente, as lembranças sobre o programa será provavelmente positiva, afirma Barry.

"Creio que os historiadores do futuro verão os ônibus espaciais como um programa espetacular", afirmou. "Fizemos coisas incríveis com os ônibus espaciais, a estação espacial, reparos em órbita, o Hubble", enumerou, referindo-se ao telescópio espacial Hubble, colocado em órbita pelo Atlantis em 1990 e que já possibilitou importantes avanços na astronomia.

"É um grande sucesso", que conquistou um espaço na imaginação popular e inspirou filmes como o "James Bond contra o foguete da morte" em 1979, antes mesmo da decolagem do primeiro ônibus espacial em 1981. "Se você perguntar ao americano comum, ou mesmo a pessoas de outros lugares, muitos vão descrever ou desenhar algo parecido com o ônibus espacial", afirmou.

Para Longsdon, o fim do programa de ônibus espaciais pode ter sido a enorme atenção que a NASA deu durante tantos anos ao projeto. "Creio que todo o programa espacial foi um erro, pelo menos o programa espacial humano, base do ônibus espacial", disse.

"Deveria ter sido visto como uma experiência de primeira geração... e substituído há muito tempo... provavelmente no início dos anos 1990, após dez ou quinze anos de operações".

Logsdon afirmou que a decisão de construir a Estação Espacial Internacional foi tomada em 1984 sob a administração do na época presidente Ronald Reagan, que queria que fosse feita em uma década. No entanto, a construção do laboratório espacial só começou em 1998, e o processo levou quase 12 anos.

Segundo Logsdon, isto aconteceu "tanto porque os Estados Unidos estavam pagando pelo ônibus espacial, como porque a ISS não tinha verba para desenvolver um veículo de substituição, já que não havia um compromisso político suficientemente forte para proporcionar os recursos necessários".

Com o fim do programa espacial, os Estados Unidos não têm como enviar astronautas ao espaço até que o setor privado possa construir um novo transporte, um processo que provavelmente deve demorar de quatro a dez anos.

Os dirigentes da NASA dizem que o fim do programa de ônibus espaciais era inevitável, e que a nave espacial do futuro poderá ser construída em cooperação com empresas como a Boeing, SpaceX e Sierra Nevada.

Fonte: Portal Terra

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